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26 de jun. de 2014

Amor não é patologia








Sempre me achei uma pessoa sensível. Cheia de paradoxos, mas sensível. As dores que vinham do mundo para a minha alma, doíam. Doeram sempre. Muito. Ainda doem. Ascendente em peixes, aqueles que no zodíaco morrem com o outro. Isso explica parte da sensibilidade, não toda. Astrologia não é acadêmica, portanto isso tem pouco valor pra você – acadêmico, mestre, doutor. Não constou dos vossos currículos e cheira a misticismo. Já pensei assim também. Mas fui pesquisar. Tive uma postura “científica”, como sempre tenho; mas estou aprendendo a usar e a confiar na minha via intuitiva. Bem, mas fui pesquisar a astrologia depois de ganhar um presente forçado, do qual não pude declinar: uma então amiga astróloga ofereceu-me o meu mapa natal de presente de aniversário. Esquivei-me o quanto pude, mas não pude prolongar muito os meus dribles. Fui fazer o tal mapa. Ok, isso não é “acadêmico”, mas – embora o mapa tenha sido interpretado por uma pessoa com limitações na sua função, porque há “astrólogos” e “astrólogos” – surpreendi-me com o resultado e obtive respostas que nenhuma terapia, nenhuma análise, nenhum médico, nenhum tratado de magia, nenhum pai-se-santo, nenhuma cigana me responderam. Porque gosto de ler sobre tudo, experimentar, verificar de perto. E busquei muitos caminhos, em vão.

Óbvio que fui buscar livros de astrologia pra ler. Tentei chegar o mais próximo que pude da astrologia antiga, ainda pura, ainda ciência. Pouco se encontra a esse respeito que possa ser levado a sério. Mas fui. Fiz analogias. Entendi que todo nascimento, inevitavelmente, ocorre em sintonia com o Cosmos. Que refletimos aspectos do cenário cósmico. Ok, isso não é “acadêmico”, mas eu jamais limitarei meu saber somente à academia. Gosto de ouvir versões antigas. Gosto de querer encontrar o começo das coisas. Gosto muito de acreditar que todos os saberes igualam-se em valor; sejam eles acadêmicos, sejam populares.
Mas não era nada disso que eu ia falar. Ia falar sobre bichos, como gatos e cachorros. Sempre respeitei os cachorros, os gatos. Sempre me despertaram ternura. Mas nunca me envolvi intimamente com nenhum deles. Isso foi acontecendo aos poucos. Cachorros de sobrinho pra cá, gatos de irmã pra lá, cachorros de amigos acolá, até aparecer Bianca, gata de rua alimentada por minha irmã , que chegou, pariu, ficou. Operada, não tem mais cio, virou um grande bebê. E fui convivendo com ela, observando, aprendendo. O gato sempre me atraiu pela sua independência. Mas Bianca ensinou que eles amam, eles fazem carinho e também, como o cachorro, afeiçoam-se aos seus donos-pais de uma forma muito bonita. Encantei-me e encanto-me com ela. Toquei nesse tema para trazer à reflexão o sentimento de amor pelos animais. Tem crescido bastante o número de pessoas que adotam animais e se apaixonam por eles. Tem aumentado em número as vozes que dizem amar mais aos animais do que aos seres humanos. Muitos ainda consideram esse amor uma patologia séria e não admitem, simplesmente, que se ame mais a um ser de um reino dito “inferior”.  Eu sou da linha dos que acreditam que não há reino “superior”; há reinos diferentes, mais complexos, mas desenvolvidos, mas nunca “superior”. Para as pessoas que se acham mais sensíveis, evoluídas porque não comem carne, eu sempre questiono por que comem vegetais. Porque acredito que o reino vegetal também precisa de amor. Enfim, não há reinos inferiores.
Como eu falei antes, cresce o número de pessoas que sofrem mais com a morte de seu cão ou seu gato do que com a morte de uma pessoa amiga. Às vezes até parentes. E dizem que isso é patologia, não é. Eu amadureci, criei laços mais íntimos com os animais domésticos – falo do cão e do gato, porque já fui íntima de galinhas, porcos, patos... –, e hoje, mais do que antes, compreendo perfeitamente a escolha desse objeto amoroso de quatro pés, que são os mais adotados. Não, não é patologia amar. Não importa a quem ou ao quê se ame. O mundo, cada vez mais, é habitado por seres humanos que desconhecem o amor. Que veem no amor  barganha,  conveniência,  projeções midiáticas de beleza e poder, ou o toma-lá-dá-cá... E os gatos e os cães incondicionalmente amam. E inevitavelmente são amados. A pureza do amor emitida pela luz do olhar de um cão é comovente e sensibiliza e emociona muito. Amar um ser assim mais do que se ama um amigo ou parente não é patológico.
Estou pensando em, assim que puder, adotar um filhote de gato, já que de onça, como eu gostaria, não é possível. Tenho amado e me se sensibilizado mais os animais. E percebendo como somos prepotentes em achar que somos superiores, que merecemos mais o amor do que os bichos!
Bom lembrar que a Dra. Nise da Silveira utilizava a presença de gatos junto a seus pacientes psiquiátricos, esquizofrênicos, e que muitos reagiam positivamente, interagiam com os gatos, embora não o pudessem ou não o quisessem fazer com os humanos. Não conheço bem a explicação “científica” para isso. Mas “sinto”, “intuo” que os “loucos” sentem a emanação da energia amorosa dos bichos, dos gatos. Como sentem também a agressividade de autodefesa. Eles sentem a essência do bicho, sentem, inconscientemente, ou nem tão inconsciente assim, que podem confiar. Que podem amar. Que são, incondicionalmente, amados.
Não, amar mais os animais do que as pessoas não pode, de um modo geral, ser encarado como patologia. Quem convive com animais sabe o que é ser amado por bicho. E não há como não retribuir esse amor amando profundamente. Amor não é patológico. Amor, amor, não!




Um comentário:

  1. Olá!! Buscar caminhos sempre fica caminhos para outras ocasiões.
    Sempre ciei cachorros e sei muito bem do que você fala.
    Beijos!

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